O filme Quase famosos (2000), do diretor estadunidense Cameron Crowe, conta história de um jovem garoto que é contratado pela revista Rolling Stone para escrever um artigo sobre a banda Stillwater e sua turnê pelos Estados Unidos.
Crowe que, quando escreveu e dirigiu o filme já tinha na bagagem um filme premiado pelo Oscar, Jerry Maguire - A grande virada (1996), ainda dirigiu sucessos como Vanilla Sky (2001) e Tudo acontece em Elizabethtown (2005). Quase famosos, que também foi premiado, dessa vez com o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter outras três indicações, traz ao público a banda de rock fictícia Stillwater, baseada na história de três outras bandas adoradas por Crowe: Led Zeppelin, Allman Brothers e Lyniyrd Skynyrd.
Seguindo a linha de Tom Hanks quando produziu The Wonders – O sonho não acabou (1996), e que também utilizando uma banda fictícia inspirada em histórias alheias, Crowe mostra o tumultuoso início de uma banda de rock nos Estados Unidos, enfatizando o lado psicológico e o relacionamento entre os músicos. Ao assistirmos o filme, vemos um jogo de egos entre os integrantes da banda que acaba culminando em brigas e rixas dentro da mesma. Paralelo a isso, temos diversas cenas mostrando o envolvimento das personagens com drogas lícitas e ilícitas, o que propicia tanto momentos de comicidade quanto de dramaticidade ao espectador.
O aspecto autobiográfico é outro ponto curioso do filme. Além de se basear na história de bandas do gosto de Crowe, o próprio roteiro tem fundamento na vida do diretor. Quando adolescente, Crowe acompanhou a turnê da banda Led Zeppelin quando escrevia para a Rolling Stone, aos quinze anos de idade. Uma cena específica do filme também foi criada a partir dessas memórias: Billy Crudup, interpretando o guitarrista Russell Hammond, após usar LSD, sobe no telhado de uma casa e grita: “Eu sou um deus dourado”, cena essa que foi, na verdade protagonizada por Robert Plant, vocalista do Led Zeppelin, no alto de um hotel
Entre fatos verídicos e fictícios, Quase famosos parece ser mais uma diversão de fim de semana de Crowe que deu certo do que propriamente um filme. Deixando a banalidade e as expectativas tradicionais de quando se assiste a um filme que conta a história de uma banda de rock, Quase famosos traz características a mais como a interação entre os atores, um roteiro bem produzido e, claro, a trilha sonora. Trilha essa que conta inclusive com uma cena antológica, quando, brigados, os integrantes da banda, o jovem jornalista e as groupies estão dentro do ônibus em direção à próxima cidade da turnê e Tinny Dancer, do Elton John, toca ao fundo, sendo, logo em seguida, cantada por todos os no ônibus, pacificando as relações.
Postado por Nícolas "Pavarotti" Poloni