
Postado por Thiago "Carreras" Nestor
Postado por Thiago "Carreras" Nestor
Ter a vista embaçada, turva
perder a cor do mundo,
ficar sem destino.
É assim que eu me sinto
quando estou sem você
Meu óculos.
Postado por Thiago "Carreras" Nestor
Me espanta o número de carros transitando
É incrível perceber como a buzina se tornou acessório de primeira importância nos carros, hoje
- Esse carro é divino. Vem com ar-condicionado, câmbio automático, roda de liga leve, airbag e...
- Pera, pera. Só quero saber uma coisa: tem buzina?
- Tem sim, senhor.
- Então vou levar.
A buzina se tornou o órgão principal do carro. É o meio de expressar a indignação do motorista através do veículo. Claro, pensemos, se o motorista escolhesse gritar, teria que se esguelar, muitas vezes, e mesmo assim, correria o risco de não ser ouvido. Que outras soluções teria? Não poderia, por exemplo, atropelar alguém como forma de reclamação. A tiazinha tá lá atravessando a rua calmamente e o sinal abre. Que que o motorista faz? Buzina. Não vai jogar o carro em cima da mulher, muito menos descer e empurrá-la pra cima da calçada. Não! Ele vai buzinar. É a solução mais prática.
O que dizer dos motoboys então? A buzina é a alma da moto. Vai atravessar de uma esquina pra outra: buzina. Vai passar no meio de dois carros: buzina. Estaciona na frente do domicílio de entrega: buzina. Passa uma mulher gostosa na rua: buzina. Bom, esse último vale também pros carros, e pra caminhões, principalmente. Sei que muitas vezes essa buzininha chata das motos é pra garantir a sobrevivência dos boys. Pra não topar com um veículo vindo a milhão, ou pra mostrar que está ali mesmo que esteja no ponto cego do retrovisor, o motoboy só pode se utilizar desse instrumento sonoro. Enfim, pode ser realmente útil, mas incomoda, de qualquer forma.
Toco nesse assunto porque aconteceu comigo esses dias. Desci do ônibus e vi que o sinal estava fechado pros carros. Dei uma corridinha até o final da calçada da parada de ônibus e, quando cheguei na faixa de segurança, aquela maldita mãozinha vermelha começou a piscar. Como estava com pressa, resolvi arriscar: pus os dois pés em cima da faixa e comecei a travessia. Não preciso dizer que na metade da rua o sinal dos carros abriu, aí a sinfonia começou. Era buzina dos dois carros da frente, era buzina dos carros de trás buzinando pros carros da frente, era buzina dos outros carros mais atrás...Me senti um maestro. Pensei em pegar uma caneta da mochila e reger os veículos, mas achei melhor não, provocá-los poderia ser demais. O que fiz então? Irritado, parei no meio da rua, fiquei de frente para os carros que já avançavam em minha direção, dei alguns passos a frente, peguei cada um dos dois carros com uma das mãos, os ergui no ar e arremessei contra os carros de trás. As buzinas pararam. Sim, todos estavam com medo de mim e me respeitavam, agora. Ri orgulhoso.
Bom, pra falar a verdade, não tive tempo nem de sonhar isso na hora. Tive mesmo é que dar uma corridinha pra alcançar a outra ponta da calçada antes que os carros me erguessem no ar e me arremessassem pralgum lugar qualquer. Ainda ouvi algumas buzinas, alguns xingões e um ou outro dedo levantado pra mim. Não pude fazer nada senão uma cara de brabo e reciproceder os dedos levantados. Mas o mais engraçado mesmo nessa história toda é ver que os motoristas são os que dão de Chacrinha, mas são os pedestres quem mais parecem com o velho palhaço.
O filme Quase famosos (2000), do diretor estadunidense Cameron Crowe, conta história de um jovem garoto que é contratado pela revista Rolling Stone para escrever um artigo sobre a banda Stillwater e sua turnê pelos Estados Unidos.
Crowe que, quando escreveu e dirigiu o filme já tinha na bagagem um filme premiado pelo Oscar, Jerry Maguire - A grande virada (1996), ainda dirigiu sucessos como Vanilla Sky (2001) e Tudo acontece em Elizabethtown (2005). Quase famosos, que também foi premiado, dessa vez com o Oscar de Melhor Roteiro Original, além de ter outras três indicações, traz ao público a banda de rock fictícia Stillwater, baseada na história de três outras bandas adoradas por Crowe: Led Zeppelin, Allman Brothers e Lyniyrd Skynyrd.
Seguindo a linha de Tom Hanks quando produziu The Wonders – O sonho não acabou (1996), e que também utilizando uma banda fictícia inspirada em histórias alheias, Crowe mostra o tumultuoso início de uma banda de rock nos Estados Unidos, enfatizando o lado psicológico e o relacionamento entre os músicos. Ao assistirmos o filme, vemos um jogo de egos entre os integrantes da banda que acaba culminando em brigas e rixas dentro da mesma. Paralelo a isso, temos diversas cenas mostrando o envolvimento das personagens com drogas lícitas e ilícitas, o que propicia tanto momentos de comicidade quanto de dramaticidade ao espectador.
O aspecto autobiográfico é outro ponto curioso do filme. Além de se basear na história de bandas do gosto de Crowe, o próprio roteiro tem fundamento na vida do diretor. Quando adolescente, Crowe acompanhou a turnê da banda Led Zeppelin quando escrevia para a Rolling Stone, aos quinze anos de idade. Uma cena específica do filme também foi criada a partir dessas memórias: Billy Crudup, interpretando o guitarrista Russell Hammond, após usar LSD, sobe no telhado de uma casa e grita: “Eu sou um deus dourado”, cena essa que foi, na verdade protagonizada por Robert Plant, vocalista do Led Zeppelin, no alto de um hotel
Entre fatos verídicos e fictícios, Quase famosos parece ser mais uma diversão de fim de semana de Crowe que deu certo do que propriamente um filme. Deixando a banalidade e as expectativas tradicionais de quando se assiste a um filme que conta a história de uma banda de rock, Quase famosos traz características a mais como a interação entre os atores, um roteiro bem produzido e, claro, a trilha sonora. Trilha essa que conta inclusive com uma cena antológica, quando, brigados, os integrantes da banda, o jovem jornalista e as groupies estão dentro do ônibus em direção à próxima cidade da turnê e Tinny Dancer, do Elton John, toca ao fundo, sendo, logo em seguida, cantada por todos os no ônibus, pacificando as relações.
Postado por Nícolas "Pavarotti" Poloni